segunda-feira, 3 de maio de 2010

Erasmo Carlos - 50 anos de Rock


Sem fazer muito alarde, o nosso eterno Tremendão, Erasmo Carlos, está completando 50anos de carreira. Começou um pouco depois do seu parceiro, o Rei Roberto Carlos, é bem verdade. Mas sua trajetória singular dentro da música serviu para mostrar o quanto é inquieta a sua personalidade, sempre ligada ao autêntico rock´n roll.

Nascido em 1941 na Cidade Maravilhosa, Erasmo Esteves (seu nome verdadeiro) atuou como um coadjuvante de luxo no movimento musical que marcaria a década de 60: a Jovem Guarda. Formou um trio com Roberto Carlos e Wanderléa que se tornaria símbolo do programa semanal que embalaria as jovens tardes de domingo. Impossível deixar de lembrar de suas performances ao vivo, dedilhando a corrente como se estivesse tocando uma guitarra, com as mãos cheias de anéis.

Sua gravação de Sentado a Beira do Caminho (composta em parceria com Roberto Carlos)acaba sendo marcada como o canto do cisne da Jovem Guarda. Foi tão marcante que até hoje ele é obrigado a cantar essa composição em seus shows.

No início dos anos 70, acontece uma guinada corajosa em sua carreira musical. Em 1971 grava o antológico álbum Carlos, Erasmo, que traz uma sonoridade diferente daquela que ele desenvolvia na Jovem Guarda. Inclui canções de Caetano Veloso, Taiguara e faz uma bela releitura de Teletema, canção de Antonio Adolfo (autor de Sá Marina).

A partir daí ele lançou discos cada vez mais densos (A Banda dos Contentes foi um exemplo). Mas jamais perdeu o bom humor e a descontração que tanto marcaram a sua carreira. O Tremendão explorava sons da MPB, inspirado por nomes como Chico Buarque. E ganhava cada vez mais o respeito da crítica ao compor canções que defendiam temas sérior, como a preservação do meio ambiente. Isso em uma época que o termo ecologia ainda era algo abstrato para o público em geral.


Sua apresentação equivocada na primeira edição do Rock´n Rio, em 1985, não conseguiu manchar a sua carreira. O próprio produtor do evento, o empresário Roberto Medina, admitiu que foi um erro coloca-lo junto com grupos como AC/DC e Iron Maiden. O público jamais ia aceitá-lo ali.

Hoje em dia o Tremendão tem lançado álbuns bem cuidados, que têm no rock a sua principal fonte de inspiração. Se o Rei Roberto se atirou de cabeça na música romântica, Erasmo serviu como o fiel da balança, mantendo o pé firme no rock e experimentando novas sonoridades.

Não foi por acaso que o nome do seu disco mais recente, gravado em 2009, acabou sendo batizado apenas como Rock´n Roll. E é imperdível. O Tremendão continua cantando como nunca. Brinca de Raul Seixas na canção Cover (Sou um cover de mim mesmo...), retoma a questão ambiental (Chuva Ácida) e associa a figura da guitarra com a da mulher (A guitarra é uma mulher).

Erasmo Carlos podia ter se acomodado ao lado da parceria com Roberto Carlos. Mas não fez isso. Continuou desenvolvendo sua carreira solo com integridade e, acima de tudo, autenticidade. Ele é sempre lembrado como o verdadeiro Pai do Rock Nacional. Aquele que nunca abandonou o estilo, mesmo tendo explorado outras sonoridades.

Quem quiser ouvir uma prévia do seu último disco pode acessar o site oficial do Tremendão (www.erasmocarlos.com.br), que fornece ainda outras informações sobre o seu trabalho mais recente. Ou então ler a sua divertida autobiografia, intitulada Minha Fama de Mau (nome de um de seus hits dos anos 60).

Escolhi postar o vídeo da faixa de abertura de seu último disco. E que por sinal é um dos grandes momentos do CD. Vida longa ao nosso Tremendão.

2 comentários:

  1. preciso acabar logo com isso... preciso lembrar que eu existo, que eu existo, que eu existo...

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  2. Gosto do Erasmo, principalmente das parcerias dele com a Marisa Monte. Aliás, gosto do jeito que manteve sua personalidade musical, mesmo se aventurando em outros gêneros, mas jamais esquecendo da onde veio. Se você pode contribuir com outras áreas, ótimo (e ele fez isso), mas jamais esqueça sua origem. bjs

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