segunda-feira, 27 de setembro de 2010
De volta ao passado
Poucos discos me empolgaram tanto quanto o último de Phil Collins. Ainda que seja um disco inteiro com covers dos anos 60/70, feito basicamente do som da gravadora americana Motown, é um trabalho passional, no qual Collins busca olhar para trás, mostrando o tipo de som que norteou o seu início na música. O que levou a escolher a profissão de fé na qual se consagraria como um dos maiores nomes do pop rock mundial.
O disco tem vários bons momentos. Collins buscou canções que se moldam bem ao seu estilo de vocal. Mas é preciso entender que ele é britânico e de cor branca. Ou seja: por mais que tente render tributo ao estilo soul, sempre faltará um algo mais, que só um vocalista negro (ou afrodescendente) poderia acrescentar.
Para gravar o disco ele reuniu os músicos que tocavam no estúdio da Motown, apelidados de Funk Brothers. Com seu time de amigos, fez uma cozinha ritmica impecável, que pode ser notada nas faixas Heatwave e Girl (Why You Wanna Make Me Blue). O resultado falha um pouco em canções como Papa Was A Rolling Stone. Mas nas de formato pop, feitas para tocar em rádio, Collins deita e rola à vontade.
A faixa título, Going Back, é de uma rara beleza. Não se sabe bem se é uma despedida (ele enfrentou sérios problemas de saúde nos últimos anos) ou apenas um olhar saudosista para o passado. Mas é certo que a melodia de Carole King e a letra de Gerry Goffin caíram como uma luva para o momento que ele atravessa.
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