terça-feira, 6 de outubro de 2009

A música segundo Wilson Simonal



Quando morreu em 25 de junho de 2000, aos 62 anos de idade, completamente esquecido da mídia, Wilson Simonal sequer imaginava que sua obra seria reverenciada pelo público das mais variadas gerações nos anos seguintes. Apontado como um dos intérpretes mais versáteis da MPB, Simonal deixou um legado que atesta toda a sua genialidade.


Independentemente da fama de dedo-duro do regime militar, motivada pela relação conturbada com o contador, Simonal conserva uma especie de aura em torno de seu talento, que o transformou em uma unanimidade. Mesmo os que não o consideram um injustiçado reconhecem que ele era um excelente cantor, capaz de conduzir as massas com um hit emprestado do cancioneiro popular (Meu Limão, Meu Limoeiro).


O documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei, produzido e dirigido por Cláudio Manoel, do programa Casseta e Planeta, tem uma trilha sonora composta por 16 canções que retratam fielmente a trajetória do ídolo que dominou o meio artistico dos anos 60 no País.


Parece improvável que um artista negro pudesse rivalizar com o Rei Roberto Carlos em pleno auge da Jovem Guarda. Mas foi exatamente o que aconteceu. Em 1969, em um Maracanãzinho lotado, ele participou de um show antológico com a banda de Sérgio Mendes e provou a força de seu carisma.


Na trilha, há os hits grudentos - no bom sentido - como Carango (de onde foi retirada a frase que inspirou o nome ao documentário) e Mamãe Passou Açúcar em Mim e Vesti Azul. Nem Vem Que Não Tem pode ser apontada como precursora do hip hop nacional, com sua interpretação quase falada dos versos.


Simonal brinca até com a bossa nova. Balanço Zona Azul, incluída na trilha do documentário, é uma amostra do que ele poderia fazer com o estilo musical de harmonias difícieis.
Para Simonal, a música era sem limites. Tinha um senso de divisão comparável aos dos grandes cantores americanos. O inglês, aliás, ele dominava como ninguém.



Tributo a Martin Luther King, composta pelo próprio Simonal em parceria com Ronaldo Bôscoli, tem uma letra engajada que reverencia o líder pacificista americano que morreu assassinado em 1968.


E o que dizer de Sá Marina? Não há como ficar indiferente com a interpretação de Simonal, incrivelmente densa e emocionada. Ele parece brincar com os versos alegres da canção de Tibério Gaspar e Antonio Adolfo (...Roda pela vida afora e põe prá fora essa alegria...).


Simonal pode até não ter sido um injustiçado. Mesmo que todas as acusações sobre sua pessoa tivessem sido comprovadas, o seu legado musical não merecia ter sido relegado a um ostracismo cruel. Não é à toa que o documentário está resgatando sua obra musical, despertando o interesse de um público cada vez maior.

6 comentários:

  1. Coco Chanel colaborou com os nazistas. Mesmo assim, seu trabalho como estilista marcou época e entrou para a História.
    Simonal ficou com essa mancha na biografia, por mais que seus filhos tenham tentado resgatar seu nome. Ainda assim, não se pode negar seu talento e sua contribuição para a música brasileira. ''Sá Marina'' e ''Tributo a Martin Luther King'' são marcos. ''Sá Mari levei para dançar...'', ''Sim sou um negro de cor, meu irmão de minha cor...''
    Aprendi as duas ainda criança. E nunca mais me esqueci.
    Ainda sobre privatização. Nas estradas, eu acho que deu certo. As estradas privatizadas estão em bom estado, bem-sinalizadas, com bom asfalto. O problema são os bancos, a telefonia... Não podemos deixar privatizar a Petrobras, nem o atendimento pelo SUS. Aí não! É questão de soberania e de sobrevivência.
    Um abraço

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  2. Fala malandro
    classe A teu blog
    Simonal agora ta na moda msm/ Pais tropical usada no video olimpico do COB pra camapanha do Rio 2016 / Abraço inte +

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  3. Adorando seu blog, Simonal, Belchior, Simone, muito bom, está de parabéns!!!!
    Ivone

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  4. Belíssimo blog! Leitura agradável, refazendo modas musicais de todas idades que tivemos! Sucesso! Estou seguindo vc! abração

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  5. Oi Otero! Vc viu que saiu a primeira edição da revista Bilboard brasileira? Qdo vi, lembrei de vc.
    Andrea

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  6. Quando reouvi o Simonal, me lembrei do período dos meus 8 aos 12 anos, quando ouvia bastante a magistral voz de Wilson Simonal.

    Otero, mais uma vez obrigado à vida por você existir!

    Você instala luz nos nossos ouvidos!

    Um abraço no coração!

    Akio

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