segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Roupa Nova em Londres


Certos grupos nacionais acabam tendo o seu reconhecimento tardio, mesmo desenvolvendo uma carreira pontuada pela venda de discos. Este é o caso do Roupa Nova. A crítica sempre foi implacável com o conjunto, desde que a banda mergulhou fundo no som mais comercial, talhado para tocar na rádio. A partir daí, poucas vezes houve uma unanimidade em torno do seu trabalho.

A recente conquista do prêmio Grammy Latino pelo disco lançado em março deste ano, o Roupa Nova em Londres, fez justiça a um grupo formado por músicos competentes que sempre buscaram tocar aquilo que o público queria ouvir.

É bom que se diga que a crítica nunca fez falta para o Roupa Nova. Seus shows pelo País são sempre concorridos, ainda que a banda tenha permanecido por algum tempo afastada das rádios. O público se manteve fiel durante todos esses anos.


O disco gravado na Inglaterra traz de novo o som que o público está acostumado a ouvir. São canções pop, a maioria delas composta pelos próprios integrantes. Uma exceção é a faixa de abertura: Do Outro Lado da Calçada, de Rodrigo Saldanha e Cláudio Rabelo, solada pelo baterista Serginho, que também resgata uma canção antiga do repertório da banda, a balada romântica Sonhos, gravada originalmente nos anos 80.


Cantar Faz Feliz o Coração, de Ricardo Feghali (teclados) e Nando (baixo), usa sampes de Superstition, de Stevie Wonder, com aquele clima de gravação ao vivo. A faixa Todas Elas, composta e solada pelo baixista Nando, é um tributo ao chamado sexo frágil. "As mulheres são tão iguais. Todas tem o seu desejo", diz a letra.

Como o estúdio escolhido foi o Abbey Road, o Roupa Nova optou por fazer um belo tributo: a releitura de She´s Leaving Home, dos Beatles, que ganhou um belo arranjo de cordas e os vocais impecáveis do grupo.

Está certo afirmar que esse trabalho não tem a mesma consistência do primeiro disco, que emplacou no início dos anos 80 hits do calibre de Sapato Velho e Canção de Verão. Mas também é correto afirmar que Roupa Nova em Londres, mais do que satisfazer um desejo pessoal dos integrantes da banda de gravar no estúdio dos Beatles, mantém uma carreira coerente e acima de tudo, bem próxima do público, independente de tocar nas rádios ou não.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A força do Rock


A banda santista Shadowside tinha tudo para estar atravessando um período difícil. As trocas de integrantes antes do segundo disco deixaram os fãs apreensivos. E para aumentar mais a tensão, o primeiro disco, Theatre Of Shadows, recebeu rasgados elogios da crítica especializada do Brasil e do exterior.

Porém, nada disso se confirmou. Dare To Dream é tão bom ou até superior ao primeiro disco da banda. Um excelente álbum, que mescla peso de canções baseadas no rock dos anos 70/80 com momentos mais calmos, como a balada Time To Say Goodbye.

A vocalista Dani Nolden resolveu assumir a posição de front woman. Escreveu a maioria das letras. E se aliou ao não menos talentoso guitarrista Raphael Mattos, que ingressou nessa nova formação, um fã confesso de Scorpions e outras bandas dos anos 70/80, como Pantera e Iron Maiden, assim como a vocalista (que tem a banda Heart como uma de suas referências). A banda é completada pelos competentes Edu Simões (baixista, outro estreante) e Fábio Buitvidas (baterista remanescente da primeira formação).

Dare To Dream é um disco de rock. Esqueça os estereótipos ou os incontáveis rótulos do Metal. Canções como Baby In The Dark e In The Night (esta é a minha preferida) são perfeitamente comerciais, ou como querem os entendidos - pop.



Os vocais de Dani Nolden estão mais afiados do que nunca. Ela não tem os dotes operísticos de uma Tarja Turunen. E ainda bem, pois o rock pede mesmo é aquela pegada forte, capaz de te convencer a ouvir a faixa do início ao fim. E isso ela tem de sobra



Como disse anteriormente, há espaço para as baladas na Shadowside. Time To Say Goodbye tem uma melodia que lembra os bons momentos do Scorpions (a tal referência do guitarrista Raphael).

A produção de David Schiffman, um nome experiente que já trabalhou com grupos como Red Hot Chilli Peppers e Audioslave, entre outros, foi um fator decisivo para o êxito desse segundo disco. Ele deixou a banda a vontade no estúdio, ao invés de interferir no trabalho.

Dare To Dream é o apêlo sincero de um grupo de músicos que deseja conquistar o mundo. E tem tudo para conseguir alcançar seu objetivo. Um som forte, potente, que pode ser tocado em qualquer parte do planeta. Vida longa para a Shadowside.