quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Os 30 anos da decolagem do 14 Bis

Há 30 anos, uma banda iniciava uma viagem musical dentro de nossa MPB. Utilizando o nome do aeroplano criado pelo pai da Aviação, Santos Dumont, e tendo Milton Nascimento com padrinho musical, os integrantes do 14 Bis formariam um dos grupos mais respeitados e queridos do País.

A fórmula começou a ser trabalhada no final dos anos 70 através dos integrantes que faziam parte do grupo de rock progressivo O Terço, no caso, Flávio Venturini (teclados e voz) e Sérgio Magrão (baixo). Os dois uniram forças com Vermelho (teclados e voz) e Hely (bateria), que por sua vez haviam trabalhado com o grupo Bendegó. A inclusão de Cláudio Venturini (guitarra e voz), um talentoso guitarrista e irmão de Flávio, foi um processo natural dentro do projeto musical que tomava forma.

A ideia consistia em fazer um som mais próximo da MPB. O rock progressivo se tornava um estilo cada vez mais segmentado E Flávio Venturini e seus amigos ambicionavam atingir um público maior, tendo como principal influência os Beatles, seja na forma de compor, seja nas harmonias das vozes.

Coube ao músico e compositor Milton Nascimento a responsabilidade de produzir o primeiro disco da banda. E como presente, ele e o inseparável parceiro Fernando Brandt fizeram uma letra em português para a canção Unencounter, de autoria da dupla e que havia sido composta em inglês. Trata-se da célebre Canção da América e o resto da história todos já conhecem.

Um dos segredos do 14 Bis era (e ainda é) o poderoso vocal em coro, incrivelmente harmonioso, que predomina em quase todas as canções, ainda que em determinados momentos um dos integrantes se destaque de forma ocasional. A base instrumental dos músicos, que já tinham uma relativa experiência de palco, só reforçou ainda mais o trabalho realizado.

Por ser de estreia, o disco de 1979 apresenta um repertório impecável. De cara, emplacou nas rádios a canção Natural (que até hoje é executada nos shows ao vivo) e a já citada Canção da América. As rádios também tocaram bastante a faixa de abertura, Perdidos em Abbey Road, que contou com arranjo do maestro Rogério Duprat, um dos ícones do movimento Tropicália no final dos anos 60.

Mesmo as canções menos conhecidas são excelentes. Pedra Menina, Meio-dia, Cinema de Faroeste, Ponta de Esperança e a etérea Sonho de Valsa, entre outras, traziam uma renovação para a nossa música popular no final dos anos 70. Não foi por acaso que os músicos acabaram acertando em cheio o gosto do ouvinte. E emplacariam vários hits nos álbuns seguintes.

Hoje em dia a banda permanece em atividade somente com quatro integrantes, uma vez que Flávio Venturini saiu do grupo no final dos anos 80 para seguir carreira solo. Porém, a sonoridade continua intacta. Quem puder conferir o último trabalho, o DVD ao vivo gravado em Belo Horizonte, não irá se arrepender de embarcar em uma viagem musical que, felizmente, não tem data e nem hora prá terminar.

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