sexta-feira, 23 de julho de 2010

20 anos sem Cazuza


Atendendo a pedidos, reproduzo no blog o texto publicado pelo Jornal A Tribuna no dia 9 de julho, sobre os 20 anos da morte de Cazuza, o Poeta do Rock Nacional.

Seu partido era nada mais do que um coração partido. E 20 anos depois da morte do poeta do rock, Cazuza, ainda continuamos como aquele menino que queria mudar mundo imaginava que estaríamos: assistindo a tudo em cima do muro.

Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, nasceu na Cidade Maravilhosa. Foi exagerado talvez nas palavras e no seu jeito de viver, sempre nas curvas na estrada. Mas, solidão, que nada. Como vocalista do Barão Vermelho, catalisou um momento mágico do rock nacional na década de 80, ao interpretar clássicos como Bete Balanço, Todo Amor Que Houver Nessa Vida e Pro Dia Nascer Feliz. E firmou uma sólida parceria musical com Roberto Frejat, guitarrista do grupo.

Suas letras refletiam uma melancolia incomum. Tanto que quem escutava logo se identificava com os compositores clássicos da MPB, como Lupicínio Rodrigues e Dolores Duran. Dois nomes que aliás foram importantes em sua formação artística.

As desavenças pessoais com os demais integrantes do Barão Vermelho acabaram por empurrá-lo em uma carreira solo que teve sucesso fugaz. Os dois primeiros discos emplacaram hits nas rádios. Mas foi com Ideologia, o terceiro álbum solo, que ele deu um salto de qualidade em seu trabalho.

Virou porta-voz da nação ao comparar o Brasil com uma festa onde você é barrado enquanto os corruptos se aproveitam da situação. Mas também era capaz de emocionar ao transformar uma simples canção pop em um clássico em ritmo bossa nova. Faz Parte do Show foi trilha sonora de novela e da vida de muitos que viveram com intensidade os anos 80.

Gravou um disco ao vivo, que conta com o clássico O Tempo Não Para, cujo clipe causou polêmica por mostrá-lo cuspindo em uma bandeira nacional jogada no palco.
A sua atitude agressiva refletia que a píscina de Cazuza estava mesmo cheia de ratos. A Aids, resultado de uma vida vivida sem limites, começava a cobrar o preço de seus excessos.

Ainda lançaria mais um álbum em vida, tendo como alvo a Burguesia. Logo ele, que sempre frequentou as festas do Grand Monde. Mas já estava muito debilitado fisicamente. Tornou-se símbolo da luta contra o preconceito da Aids no Brasil. Admitiu publicamente a doença e nunca perdeu as esperanças de buscar uma cura.

Mas em julho de 1990, a vida, louca vida, vida breve, fez o que ele tanto pediu no palco. Já que ele não podia levar a vida, a vida o fêz, levando-o deste mundo. E a música nunca mais tocou daquele jeito.

Hoje em dia, sua obra é reverenciada pelos críticos e público. Suas canções ainda embalam a memória dos que têm mais de 30 anos de idade. Mas o Poeta está vivo de verdade. Pois mesmo a geração mais recente reconhece o valor de alguem que tinha um sonho e procurou vivê-lo de todas as formas possíveis, transformando o tédio em melodia. Buscando todo amor que houvesse nessa vida, com algum trocado prá dar garantia.

Um comentário:

  1. Minha irmã já havia comentado que gostou muito desse seu texto. Legal mesmo! Felizmente tivemos a oportunidade de ver Cazuza ''mostrando a sua cara''. Parabéns!

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