sábado, 15 de agosto de 2009

20 anos sem Raul Seixas

Escrever algo a respeito de Raul dos Santos Seixas, um baiano que encontrou no rock sua razão de viver, é quase uma obrigação nesse espaço. Sua obra musical, de conteúdo anárquico, que chegou até a incomodar o Governo Militar no Brasil nos anos 70, permanece atual e conquistando novos fãs, 20 anos depois de sua morte em um apartamento na Capital Paulista, vítima de um ataque cardíaco, com apenas 44 anos de idade, depois de uma longa luta contra o alcoolismo.

O rock foi a mola-mestra que impulsionou Raulzito (apelido dado pelos amigos) para a carreira musical. Foi ouvindo discos de Chuck Berry, Elvis Presley e Little Richard que ele moldou sua carreira. E fundiu aquele som novo com algo bem próximo de sua cultura na Bahia: o forró e o baião. Luiz Gonzaga e Elvis Presley eram influências muito fortes e talvez por isso ele tenha enxergado algumas coincidências na forma crua de interpretação de ambos os estilos.

Se o primeiro disco, lançado em 1967, com seu grupo, os Panteras, foi um fracasso, o mesmo não podemos dizer dos trabalhos da década de 70. Além de emplacar hits nas rádios, ele começava a formar uma legião de fãs, que o acompanharia até o final da carreira.

Krig-Ha Bandolo, de 1973, funciona como um marco musical. A introdução do disco é uma gravação de Raul ainda adolescente cantando Good Rocking Tonight de Elvis Presley. E depois segue a irreverente Mosca na Sopa, que já misturava elementos da nossa MPB com o rock´n roll.

A faixa seguinte, Metamorfose Ambulante, composta por Raul na adolescência, é de uma riqueza impar. Trata daquele pensamento de ser mutante, de poder mudar de opinião na hora que se bem entender, de não se mostrar satisfeito com metas fáceis (é chato chegar a um objetivo num instante Prefiro ser aquela metamorfose ambulante...).


E é desse disco o seu primeiro grande sucesso: Ouro de Tolo. Uma letra em tom de deboche em pleno período da Ditadura Militar (Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como artista. Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73...)

E os versos finais de Ouro de Tolo acabam soando proféticos, analisando o seu final solitário em São Paulo. (Eu que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar...).

As demais faixas são igualmente geniais. As Minas do Rei Salomão, Rockxixe, A Hora do Trem Passar, Al Capone (em que ele aconselha o famoso gangster a mudar de vida) também são recheadas de mensagens fortes e diretas, sem floreios, assim como a etérea How Could I Know, composta em inglês.

O trem de Raulzito continuaria nos trilhos nos discos seguintes. Gita, por exemplo, emplacaria novos hits, colocando Raul entre os maiores vendedores de discos do País. Mas podemos dizer que Krig-Ha Bandolo deu o pontapé inicial para os álbuns geniais que ele lançaria nos anos seguintes.

4 comentários:

  1. ''Ouro de Tolo'' era uma das músicas de que eu mais gostava. É claro que ele tem muitas e muitas outras músicas legais, mas esta é muito simbólica, metafórica. Tinha tudo a ver com os anos 70. Eu a menciono no meu livro ''Raul Soares...''

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  2. Conheci Raul no 'Madame Satã', na fria e perdida boemia paulistana. Encontro surpreendente, enigmático, silenciosamente revelador: possuia luz própria que brilhava mais que o neon.Artista e uma das antenas da raça.

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  3. Otero, Raul foi o meu ídolo na adolescência.

    Para mim, ele continua eterno.

    As músicas dele estão sempre no ouvido e no coração...

    Krig-ha, bandolo!

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  4. Luiz muito 10 o seu blog....adorei....quando quiser fazer minhas consultas já sei onde virei buscar informações rsrsrs....
    bjocasssss

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